Balanço
Sentei-me à tua frente à espera
de te ouvir falar no branco que vem da janela,
e te envolve com o calor húmido de
uma palavra divina. Mas abriste
o leque, dizendo que é tarde para discutir
oráculos. Aceitei a tua resposta, como
se me dissesses que as interrogações podem esperar
por amanhã. No fundo, mostravas apenas
o movimento exacto da tua mão, segurando o eixo
do teu pequeno mundo; e tudo o que acontecia
limitava-se ao teu gesto. Agarrei as formas e as cores
desse pedaço trémulo de vida no ângulo
que o teu corpo formou com a luz; e segui o declinar
das pálpebras que o amor me oferecia, sabendo
que a usura do silêncio corresponde ao instante
em que os olhos se prendem, como astros
na declinação de um horóscopo.
Nuno Júdice
de te ouvir falar no branco que vem da janela,
e te envolve com o calor húmido de
uma palavra divina. Mas abriste
o leque, dizendo que é tarde para discutir
oráculos. Aceitei a tua resposta, como
se me dissesses que as interrogações podem esperar
por amanhã. No fundo, mostravas apenas
o movimento exacto da tua mão, segurando o eixo
do teu pequeno mundo; e tudo o que acontecia
limitava-se ao teu gesto. Agarrei as formas e as cores
desse pedaço trémulo de vida no ângulo
que o teu corpo formou com a luz; e segui o declinar
das pálpebras que o amor me oferecia, sabendo
que a usura do silêncio corresponde ao instante
em que os olhos se prendem, como astros
na declinação de um horóscopo.
Nuno Júdice
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