O que foi não volta a ser
Há pessoas que não descolam da nossa lembrança. Creio que muitas vezes teimamos em querer lembrar uma pessoa que "inventámos"... e que talvez nunca tivesse existido, a não ser na nossa cabeça e no nosso coração...
O pior é quando teimamos em manter o nosso coração preenchido com lembranças dessa pessoa de quem guardamos religiosamente a imagem... mesmo tendo sido inesquecível, mesmo que tenhamos vivido momentos de felicidade únicos, sabemos que acabou e que o regresso ao passado é impossível. Geralmente o tempo costuma exarcebar os bons momentos e diluir os maus...
E ainda que houvesse uma remota hipótese de entendimento, passou demasiado tempo, ambos os personagens da história mudaram, encontraram outras pessoas... nada seria como antes... aliás, seria como uma nova história com personages diferentes... mas em que volta e meia as lembranças do passado acabariam por interferir no percurso. Seria de um masoquismo extremo...
Então porquê essa teimosia em permanecermos ligados a um passado que passou??? E a recusa de um rumo novo, com uma pessoa diferente??? Creio que a resposta é simples. Medo. Medo de voltar a arriscar, medo de voltar a sonhar... e principalmente muito medo de voltar a ver os sonhos desfazerem-se. Acaba por ser menos penoso vivermos amarrados a um passado, mesmo que o desfecho tenha sido menos feliz, que enfrentarmos a incerteza do futuro e vivermos permanentemente na dúvida "o que vou fazer se isto terminar?". Esse medo acaba por nos impedir de seguir um novo rumo... e continuamos a viver em águas estagnadas...
Até quando?
Trago um buraco no futuro
Traz presentes fugidios
E memórias de navios
E traz tanta confiança
Que se é sempre criança
Mesmo quando não se quer
O que foi não volta a ser
O que foi não volta a ser
Mesmo que muito se queira
E querer muito é poder
O que foi não volta a ser
Pode vir algo melhor
Embora sempre pareça
Que o pior está por vir
Nunca se deve esquecer
Não há volta
Sem partir
O que foi não volta a ser
Tim
(Xutos & Pontapés)
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