19 junho 2007

Gostava de explicar-te...

Gostava de explicar-te e de poder
eu próprio compreender
por que momentos houve em que perder-te
era metal fundente como o que disse um poeta
entre nós e as palavras existir

Eu seria as palavras tu os corpos
fundentes de nós dois, pela separação
futura liquefeitos
Era de cada vez como se a vida
também fundisse e o seu metal escorresse
sobre a pele da perda, talvez isso
explicasse como o chumbo
da ilusão derrete e nos liberta
até desse momento em que tememos
nada mais ter


Mas como poderia
eu amar-te e achar-te já de mais
sentir estando tu tão perto ainda
a onda da ausência contornar-me


O céu em certos dias produzia
o efeito dum espelho em que voltávamos
inversos ao verão que tu julgaras
então igual à vida e era apenas
a infância perdida sobre o mar


Gastão Cruz

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