Teimosia... e rumos de vida...
Marés doces, utopia
sonhos e maré vazia
caranguejo persistente
fuça no lodo e a gente
passa apressada adiante
só pensando na vazante
que leva o barco prá foz
ouve-se do cais uma voz
perguntar se temos nós
a certeza de voltar
porque com tanta destreza
nos esquecemos sobre a mesa
das cartas de marear ...
Tantas vezes, tantos dias
Por causa de temosia
Nós perdemos a vontade
De ouvir outra verdade
De deixar entrar o ar
Só pensando em acabar
Mesmo que fiquemos sós
ouve-se do cais uma voz
perguntar se temos nós
a certeza de voltar
porque com tanta destreza
nos esquecemos sobre a mesa
das cartas de marear ...
(Xutos & Pontapés)
...realmente, muitas vezes o rumo que a nossa vida segue tem muito que ver com algumas decisões inflexíveis que tomamos, "só pensando em acabar, mesmo que fiquemos sós"... creio que esta última frase resume uma parte importante dos últimos 3 anos da minha vida.
Mas por vezes acontece como nos incêndios... pensamos que está extinto, e de repente ocorre uma mudançazinha... e aparece um outro foco de incêndio... às vezes bem mais pequeno, mais controlável... apenas a diferença entre amor e amizade...nem sempre uma tão grande diferença...
...hoje numa pesquisa sobre os blogues que referiam The Dhaka Project, encontrei este texto no blogue O Sinal - Santa Cruz ... e realmente, a minha concepção de AMOR está bem patente neste texto... e hoje, vi uns 3 casais com 60 e muitos anos, abraçados, ou de mão dada... e realmente, o Amor manifesta-se constantemente em pequenos gestos, como esses... "às vezes basta cruzar um olhar... e já está!"
Cá fica o texto...
"Um famoso professor encontrou um grupo de jovens que falavam contra o casamento. Argumentavam que o que mantém um casal é o romantismo, e que é preferível acabar com a relação quando este se apaga, em vez de se submeter à triste monotonia do matrimónio. O mestre disse-lhes que respeitava a opinião deles, mas contou-lhes a seguinte história:
«Os meus pais viveram 55 anos casados. Numa manhã, a minha mãe descia as escadas para preparar o café e sofreu um enfarte. O meu pai correu até junto dela, levantou-a como pôde e, quase arrastando-se, colocou-a no carro. Dirigiu-se a toda velocidade para o hospital, mas quando chegou, infelizmente, ela já estava morta.
Durante o velório, o meu pai não falou. Ficou o tempo todo a olhar para o vazio. Quase não chorou. Eu e os meus tios tentámos, em vão, quebrar a nostalgia, e recordámos momentos engraçados.
Quando o caixão descia à terra, ele, já mais calmo, passou a mão sobre o caixão e falou com sentida emoção:
– Meus filhos, foram 55 anos bons... Ninguém pode falar do amor verdadeiro se não tem ideia do que é partilhar a vida com alguém durante tanto tempo. – Fez uma pausa, enxugou as lágrimas e continuou: – Ela e eu estivemos juntos em muitas crises. Quando mudei de emprego, vendemos a casa e renovámos toda a mobília, instalando-nos noutra cidade. Compartilhámos a alegria de ver os nossos filhos concluírem a faculdade. Chorámos um ao lado do outro quando entes queridos partiram. Orámos juntos na sala de espera de alguns hospitais. Apoiámo-nos nas horas de dor. Trocámos abraços em cada Natal, e perdoámos os nossos erros... Filhos, agora ela partiu, e estou contente. E sabem porquê? Porque ela foi antes de mim e não teve de viver a agonia e a dor de me enterrar, de ficar só depois da minha partida. Sou eu que vou passar por essa situação, e agradeço a Deus por isso. Eu amo-a tanto que não gostaria que sofresse assim!
Quando meu pai terminou de falar, os meus irmãos e eu estávamos comovidos. Ele abraçou-nos e consolou-nos, dizendo:
– Está tudo bem! Podemos ir para casa.»
E o professor concluiu: Naquele dia entendi o que é o verdadeiro amor. É muito mais do que romantismo; não tem muito que ver com erotismo… O verdadeiro amor está relacionado com o trabalho e o cuidado a que se aventuram duas pessoas realmente comprometidas.
Quando o professor acabou de falar, os jovens universitários ficaram em silêncio, porque este tipo de amor era algo que não conheciam. O verdadeiro amor revela-se nos pequenos gestos, dia a dia e todos os dias. O verdadeiro amor não é egoísta, não é presunçoso, nem alimenta o desejo de posse sobre a pessoa amada."
(Nota pendular: não sou contra o casamento... mas para mim o "casamento" é muito mais do que um conjunto de papéis assinados com deveres e direitos... muito mais importante que os papéis são os pequenos gestos e a vontade de partilhar A VIDA com alguém constantes... é apenas isso que mantém o amor, não os papéis )
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