...de volta pro meu aconchego...
...há uns tempos atrás, alguém me dizia que escrever no nosso cantinho aquilo que sentiamos, era a melhor forma de "lavar a alma" e seguir em frente... e de facto, muitas vezes é o que se passa...
...há uns anos atrás, o mundo parecia estar a desabar sobre mim: a situação profissional, os problemas de saúde com alguns familiares, os meus problemas de saúde, que me faziam visitar frequentemente as urgências por situações que agravavam de dia para dia, e não sabia em que situação me iria encontrar no dia a seguir, para poder agendar o que quer que fosse, em termos profissionais ou pessoais... para piorar tudo, a pessoa que eu via como o meu bote de salvação desapareceu e eu senti-me afundar... não era fácil conseguir encontrar um motivo para seguir em frente. Nunca é fácil, quando a ideia que temos de nós mesmos já não é famosa e quando dependemos mais dos outros que de nós próprios.
Talvez seja esse um dos meus problemas (e por algumas conversas que tive com algumas pessoas nos últimos tempos talvez seja esse um bom motivo para muitas das coisas que senti): ser demasiado perfecionista, exigir demasiado de mim mesma (e apesar de ser tolerante com os outros, exigir-lhes bastante também).
Sempre me critiquei em relação ao meu aspecto, em relação à roupa que me ficava mal, em relação a demasiadas coisas... o viver 5 anos com alguém que me lembrava constantemente os meus pontos menos bons e quanto (achava que) era melhor do que eu deixou bastantes marcas. Felizmente, um belo dia, essa pessoa desapareceu. E apesar de a conhecer há 20 anos e de em tempos a ter considerado amiga, não lhe senti qualquer falta. Pelo contrário, senti um alívio enorme. Tempos depois, numa despedida de solteira e em 2 casamentos, voltei a encontrá-la. E apesar de ter tentado meter conversa comigo, a porta estava fechada de vez. Curiosamente, voltei a vê-la há pouco tempo e o aspecto dela era pior que o meu alguma vez fora. Só consegui comentar isso com uma amiga, que tinha passado durante algum tempo por situações semelhantes à minha, por causa da mesma pessoa. Mas não deixa de ter alguma piada, que alguém outrora que se dizia tão perfeito se tenha tornado num pequeno monstrinho, como dizia em tempos: gorda, com rugas... uma sombra do que já foi.
O pior mesmo é sentirmo-nos mal e dar aos outros a oportunidade de ainda nos fazer sentir pior. Aqueles que nos magoam conhecem-nos muito bem e aproveitam-se da confiança que depositámos neles para nos espeter uma faca afiada no coração, quando menos esperamos. E quando continuamos a ver os outros no seu pedestal, como seres intocáveis, nós cada vez mais nos sentimos pior. Apenas no dia em que percebermos que não são perfeitos mas humanos e tão ou mais imperfeitos que nós próprios, nos conseguimos nivelar e perceber que afinal, a causa da situação não está, nem nunca esteve, em nós: se fossemos mais bonitos, mais inteligentes, com melhor carácter... enfim, se fossemos realmente perfeitos, como sempre aspirámos, a faca caíria da mesma forma e pelo mesmo motivo. Mas não somos perfeitos... todos temos qualidades e defeitos. E creio que a missão que temos por cá é a de tentar corrigir alguns destes defeitos... para isso contamos com alguns seres especiais: os Amigos, que nos ajudam a melhorar e nos puxam para seguirmos em frente, mesmo quando o caminho se torna difícil de aguentar. E nos ajudam a perder o medo de enfrentar os perigos do futuro e nos dizem "the future is yet to come", e nos dão um abraço fechado e um sorriso aberto... e nos fazem reencontrar connosco próprios e sentir confiantes outra vez...
(obrigado, pirilampos... obrigado M.... obrigado Fau!!!)
(...e este tema deixa-me sempre tranquila... como o mar...)
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