...lights will guide you home...

...os últimos tempos foram complicados em termos familiares. O estado de saúde da minha avó agravou-se nos últimos meses e nem sempre a resposta do Lar de 3a idade onde se encontrava era a melhor, nomeadamente no  controlo de algumas patologias crónicas de que padecia. E, no último fim-de-semana de Maio, telefonaram-nos para casa, para nos irmos despedir dela. Achámos estranho e mais estranho foi quando nos pedem a roupa (para a mortalha). Ao subir para o quarto vimos que estava inconsciente e com dificuldades respiratórios e que apesar de estar assim há horas, nem tinham prestado os cuidados básicos de primeiros-socorros, nem avaliado os sinais vitais nem chamado a emergência médica. A Encarregada Geral decidiu que nada havia a fazer e não prestou socorro. O INEM só foi chamado depois de chegarmos e de insistirmos bastante. O diagnóstico foi feito - pneumonia por aspiração - e foram prestados todos os socorros assim que chegou ao hospital. No entanto, a médica de serviço na urgência alertou-nos para que a reacção à forte dose de antibiótico podia não ser a melhor, mas que nada mais havia a fazer, tal era o estado crítico em que se encontrava. 

Durante a primeira semana recuperou, embora precisasse de estar com oxigénio. Depois veio a parte custosa ... e na 3a feira à tarde, quando saí do hospital, não vinha muito convencida que a voltasse a ver com vida. E de facto, ontem, a meio de umas apresentações, tive que fazer um intervalo, porque não me sentia bem... e recebi um telefonema, avisando-me que havia mais uma estrelinha no céu... e senti uma mistura de alívio, por saber que o sofrimento das últimas semanas tinha terminado, de tristeza por ter perdido uma pessoa de quem gosto muito, que era como uma mãe, e de enorme revolta especialmente pela não prestação de socorro pela Instituição. 

Hoje, despedi-me dela pela última vez. Apenas gostaria de saber que ela está algures, em paz, num enorme jardim, a cuidar das suas plantas e a cantarolar, como tanto gostava...