14 agosto 2011

...juízos...

Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado. E é assim que perdemos pessoas especiais.

Carlos Drummond de Andrade


...é tão fácil julgar os demais - sentimo-nos quase sempre tão superiores, que é tão fácil emitir juízos sobre as vidas dos demais, mesmo sem saber o que condiciona esses comportamentos. Em tempos, numa fase muito má da minha vida, tive alguns comportamentos de que não me orgulho. No entanto, ainda hoje sei que se hoje estivesse nas mesmas circunstâncias, talvez voltasse a reagir da mesma forma irracional, porque não via outra possibilidade. As circunstâncias mudaram para melhor, felizmente. Escusado será dizer que a minha vida mudou e que eu própria condeno o que fiz. Não posso mudar o passado, mas mudei o meu comportamento no presente. 
Este "vestir a pele" do outro e perceber o que se passa, o que motiva alguns comportamentos invulgares, é sempre tão complicado - tentar integrar uma série de condicionantes, tentar conhecer melhor os outros é sempre tão difícil - que acabamos por julgar os outros, com base em conhecimentos superficiais... e o pior, é que destes juízos, dos quais não há recurso possível, na maior parte das vezes, saem os "proscritos" da nossa vida: pessoas que mal conhecemos, mas a quem nem sequer damos a possibilidade de se aproximar... ou, pessoas que partilharam a nossa vida mas que por algum motivo erraram connosco e a quem decidimos não perdoar, porque nós somos intocáveis, nunca errámos - eles é que são de uma casta inferior... 
...às vezes, quando a nossa vida melhora porque alguém se afastou, talvez seja de repensar a presença dessa pessoa e talvez seja melhor manter essa distância saudável. Mas, na maioria das vezes, acabamos por sentir remorso, ressentimento... mas somos incapazes de voltar atrás na nossa sentença - e permanecemos fiéis ao nosso orgulho estúpido... 




...como alguém escreveu há mais de 10 anos, num cantinho da rede, "As pessoas parecem ser cada vez mais feitas de fora para dentro e menos de dentro para fora. Se todos tivessem a coragem ou a capacidade de se virarem do avesso, só uma coisa ficaria exposta, a inocência. Ficaríamos em carne viva, sensíveis ao mínimo toque, é verdade, mas se usassemos apenas de nós para tocarmos o outro, não nos magoaríamos. O toque da carne com carne não faz a guerra. Faz amor."... talvez seja... e talvez tenhamos que repensar a nossa vida e renascer... 
 

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