08 abril 2015

...antes da morte vir nasce de vez para a vida...

 





 
 
 
Antes que Seja Tarde


Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e falas de coisas mansas como o luar
e paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!

Deixa de vez
as margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.

Abandona o jardim sem flores
desse país inventado
onde tu és o único habitante.

Deixa os desejos sem rumo
de barco ao deus-dará
e esse ar de renúncia
às coisas do mundo.

Acorda, amigo,
liberta-te dessa paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.

Abre os olhos e olha,
abre os braços e luta!

Amigo,
antes da morte vir
nasce de vez para a vida.


Manuel da Fonseca

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