...nem sempre corresponde à realidade...
Nos sentámos ao lado um do outro ali no pátio e na aula seguinte. E
no dia seguinte. E no imediato. E no fim-de-semana fui buscá-la ao lar e
fomos passear pelos parques. Cruzando informações sobre as terras
amadas mas longe de cada um de nós. E fomos ao cinema. E lhe peguei a
mão, a medo. Ela, também a medo, deixou a mãozinha dentro da minha. E a
levei a lanchar. E rimos, envergonhados, sempre que os nossos olhos se
encontravam. E corremos depois por ruas povoadas ou sem gente, ainda
envergonhados. Faltando a coragem de nos mirarmos. Medo de nos
derretermos.
Assim é o amor.
O nome é pesado, e nem sempre corresponde à realidade. Os
documentos tratando dele devem ocupar uma cidade inteira e no seu todo
há ambiguidades. Alguém sabe mesmo o que o amor é?
Pepetela in "O planalto e a estepe"
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