04 março 2007

Às vezes escuto o teu cantar

sabes, as aves aquáticas já não pernoitam junto ao mar nem por entre
os nossos dedos de areia
sobem-nos vozes calcárias à garganta, estrangulo-me neste humilde
canto, fico atento ao eterno silêncio do teu castelo

às vezes escuto o teu cantar, raramente, é certo...mas quando cantas
saem-te nomes puros da boca e sorrisos diáfanos de cristais
os lábios incendeiam-se com vinho, teu corpo adquire o sabor
misterioso das algas
no crepúsculo expande-se o perfume a moreia frita, teu olhar é o mosto
dos nossos desejos


dançamos à roda dum mastro, saia em papel de seda bordada com
búzios...uma quadra flutua pela noite de nossos cabelos
rodopias, e os teus amores são relembrados pela noite adiante
espalham-se estrelas cadentes, papoulas breves, junco molhado e o mar
enche-se novamente de pássaros, embarcações semelhantes a beijos que
nos percorrem de alegria


Al Berto

Sem comentários: