16 agosto 2007

E em cada dia aprendemos...




Após um tempo,
Aprendemos a diferença subtil
Entre segurar uma mão
E acorrentar uma alma.
E aprendemos
Que o amor não significa deitar-se
E uma companhia não significa segurança
E começamos a aprender...

Que os beijos não são contratos
E os presentes não são promessas
E começamos a aceitar as derrotas
De cabeca levantada e os olhos abertos
Aprendemos a construir
Todos os seus caminhos de hoje,
Porque a terra amanhã
É demasiado incerta para planos...
E os futuros têm uma forma de ficarem
Pela metade.
E depois de um tempo
Aprendemos que se for demasiado,
Até um calorzinho do sol queima.
Assim plantamos nosso próprio jardim
E decoramos nossa própria alma,
Em vez de esperarmos que alguém nos traga flores.
E aprendemos que realmente podemos aguentar,
Que somos realmente fortes,
Que valemos realmente a pena,
E aprendemos e aprendemos...
E em cada dia aprendemos.


-Jorge Luís Borges-
(Tradução de Luís Eusébio)



O pior é mesmo quando uma após outra vez, tal como os incautos banhistas, que decidem não se proteger contra a radiação solar e apanham continuamente valentes escaldões, expomos o nosso coração... e mais uma vez a dor lacinante nos parte por dentro... e voltamos a sentir mais um bocado arrancado no peito, mais um sonho desfeito, outra parte de nós que morreu para sempre... mesmo sabendo antecipadamente que isto iria acontecer, porque razão não mudámos o enredo do filme? Talvez haja uma altura certa para se ser feliz... o pior, é lidarmos com as alturas erradas e sabermos que a certa já passou... e lidar com isso é difícil de aprender... para quando aprender a não dar tanto de nós?

Sem comentários: