05 novembro 2007

As palavras que te envio são interditas...



As palavras que te envio são interditas
até, meu amor, pelo halo das searas;
se alguma regressasse, nem já reconhecia
o teu nome nas suas curvas claras.

Dói-me esta água, este ar que se respira,
dói-me esta solidão de pedra escura,
estas mãos nocturnas onde aperto
os meus dias quebrados na cintura.

E a noite cresce apaixonadamente.
Nas suas margens nuas, desoladas,
cada homem tem apenas para dar
um horizonte de cidades bombardeadas.

-Eugénio de Andrade-

1 comentário:

Graça Pires disse...

Lembrar Eugénio e este poema... Que maravilha. Obrigada. Um beijo.