04 novembro 2007

Portos de Abrigo...

Às vezes, pergunto-me porque motivo estabelecemos ligações com determinadas pessoas... porque razão essas ligações se tornam tão fortes, que quando temos algum contratempo ou alguma coisa boa para contar, são sempre os primeiros da nossa lista... são os nossos PORTOS DE ABRIGO... aqueles que sabemos que têm sempre um momento para nós, mesmo quando a vida se complica...





O meu primeiro Porto de Abrigo, é o meu pai... calmo, tolerante, adivinha as minhas inquietações e no seio familiar é a primeira pessoa que procuro para falar das coisas boas que me vão acontecendo, dos meus problemas, das chatices do dia-a-dia...


Durante o ensino básico e secundário surgiram algumas amizades... que ainda perduram hoje. Mas foi já no final do 1º ano de faculdade que surgiu outro Porto de Abrigo importante... a Mafalda. Partilhámos muitas noites de farra, pontos de vista, e ao longo de 18 anos muitos momentos bons e maus... e quando preciso de um regaço, sei que apesar da vida complicada que tem, ainda existe um momento para trocarmos um olhar cúmplice, um sorriso, um silêncio partilhado...



Ao longo dos últimos anos, ganhei mais uns quantos Portos de Abrigo... aqueles a quem recorro quando preciso e com quem me preocupo quando sei que precisam de mim. Ao longo destes anos aprendi que mais importante do que a quantidade de tempo que passamos lado a lado, importa a qualidade, ou a forma como usamos esse tempo. Não é por falarmos muito que a amizade tem laços mais fortes... muitas vezes falamos tanto, que apenas ouvimos o nosso eco... nem damos tempo a que os outros se manifestem, falem das suas alegrias, das suas preocupações. Apenas as nossas importam...



É tão mais fácil sabermos que as pessoas de quem gostamos ESTÃO... estão connosco sempre para a partilha de alegrias, de tristezas, de pequenas coisas idiotas, mas que em determinado momento julgámos importantes e tivemos necessidade de partilhar... sem haver juízos, sem tratarmos as "pequenas grandes coisas" como ridículas... mesmo quando o nosso tempo não é muito, fazemos sempre crescer esse tempo para que essas partilhas continuem a ocorrer...




Enquanto estava a escrever este post, recebi um mail (obrigado Mário) sobre amizade... "as amizades são feitas de pedacinhos"...











Andando, o principezinho encontrou um jardim cheio de rosas. Contemplou-as...eram todas iguais à sua flor.
E deitado na relva, ele chorou...
E foi então que apareceu a raposa.


- Vem brincar comigo, propôs o principezinho. Estou tão triste...


- Eu não posso brincar contigo, disse a raposa. Não me cativaram ainda.


- Que quer dizer "cativar" ?


- É uma coisa muito esquecida. Significa criar laços...Tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. Eu não tenho necessidade de ti e tu não tens necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas. Mas se tu me cativas, teremos necessidade um do outro. Serás para mim, único no mundo. E eu serei para ti, única no mundo. Minha vida será como que cheia de sol. Conhecerei um barulho de passos que será diferente dos outros. O teu passo me chamará para fora da toca, como se fosse música. A gente só conhece bem as coisas que cativou.


- Que é preciso fazer? perguntou o principezinho.


- É preciso ser paciente. Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada. A linguagem é uma fonte de mal- entendidos. Cada dia te sentarás mais perto...Se tu vens por exemplo, às quatro da tarde, desde às três, eu começarei a ser feliz. Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às quatro horas, então, estarei inquieta e agitada: descobrirei o preço da felicidade!


Assim o principezinho cativou a raposa.

Mas, quando chegou a hora da partida, a raposa disse:


- Ah! Eu vou chorar...a gente corre o risco de chorar um pouco, quando se deixou cativar.


E acrescentou:


- Vai rever as rosas. Tu compreenderás que a tua, é a única no mundo. É simples, o segredo: só se vê bem com o coração. O essencial é invisível para os olhos. Foi o tempo que perdeste com tua rosa, que fez tua rosa tão importante. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas. Tu és responsável pela rosa...


- O essencial é invisível para os olhos, repetiu o principezinho, a fim de se lembrar...







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trago dentro de mim um mar imenso
feito de vagas tristes
e sonhos vagos

o horizonte é uma manhã
que eu quis minha para ser eu

e para porto de abrigo escolhi uma tarde
que soubesse chorar a morte do sol


José Rui Teixeira

3 comentários:

Rock In The Attic disse...

São esses portos de abrigo que tantas vezes nos fazem acreditar. Também tenho os meus portos de abrigo, aqueles que procuro quando o farol já não é suficiente para guiar o Homem do Leme. E na escuridão das trevas há sempre uma luz que se ilumina.

Pêndulo disse...

:))

infelizmente, hoje vê-se a amizade apenas como uma forma de aceitar...os nossos erros. Para mim, os amigos são os que têm a coragem de me dizer frontalmente que errei... por muito que custe.

um beijo... e até ao campo pequeno... ou pelos blogues e fóruns... :)))

Rock In The Attic disse...

Ora aí está uma grande verdade...

Felizmente tenho poucos mas bons amigos, que adoro...


Um beijo... até ao Campo Pequeno... ou por aqui e ali, onde houver um poema, um amigo, uma canção...