04 maio 2010

...foste eterno até ao FIM...


devagar, o tempo transforma tudo em tempo.
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo.

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo.

por si só, o tempo não é nada.
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

os instantes dos teus olhos parados sobre mim eram eternos.
os instantes do teu sorriso eram eternos.
os instantes do teu corpo de luz eram eternos.

foste eterna até ao fim.


José Luís Peixoto



...este fim-de-semana, no meio das viagens que fiz, acabei por relembrar algumas coisas do passado, tentando perceber algumas coisas que não consigo perceber por mais que tente... e recordei algumas situações que acabaram por me magoar bastante. De facto, uma das piores coisas que podemos sentir é perceber que a pessoa em quem nós confiamos não tem essa consideração por nós e é incapaz de perceber até onde vai a verdade e a mentira, no meio de contos absurdos com um objectivo bem definido. Creio que nunca conseguirei perceber... nem consigo perceber que não se reconheça que se errou e tentar refazer o que é possível dessas ruínas. Definitivamente, há coisas que não consigo entender, por muito que tente (como por exemplo, porque razão tudo isto me continua a incomodar, há tanto tempo)... mesmo quando a dor se transforma em Tempo...

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