30 julho 2010

...Adeus...




...ontem arranjei algum tempo para ir tomar café com umas amigas e quando estava a regressar a casa, na antena 1, ouvi a notícia de que o António Feio tinha falecido. Senti um nó na garganta. Recentemente, 2 amigos faleceram com o mesmo problema e sempre tive a noção de que a enorme luta que ele travava dia-a-dia podia não ter o final desejado. No entanto, nunca deixou de lutar e manteve sempre uma atitude de humor perante o enorme problema de saúde. E mais do que isso, deu uma lição de humanidade enorme, em cada entrevista, em cada palavra. Estas palavras


"Aproveitem a vida.



Ajudem-se uns aos outros.



Apreciem cada momento.



Agradeçam.



E não deixem nada por dizer, nada por fazer..."
 
quando as ouvi, fizeram-me pensar em tanta estupidez dos últimos anos da minha vida. Houve tanta coisa que gostaria de ter feito no momento certo, para evitar males maiores, tanta coisa que deveria ser conversada atempadamente para evitar o fermentar da raiva... porque a vida é tão rara e importa viver cada momento da melhor forma, aproveitando ao máximo todas as coisas boas que temos e que nos passam despercebidas no meio dos nossos probleminhas estúpidos. Já tinha começado a pensar assim, mas creio que isto fez com que no meio do meu cansaço, das minhas chatices, dos meus problemas ainda arranjasse tempo para um café, um telefonema, um sms... porque é tão fácil dizer mal, mas é tão difícil dizer palavras bonitas como "gosto de ti", "preciso de ti", "és especial", "ainda bem que fazes parte da minha vida", "adoro-te"... só nos lembramos dos que gostamos quando os perdemos... a maior parte das vezes estão lá e tomamos isso como um facto consumado, tantas vezes sem nos preocuparmos em lhes demonstrar o nosso carinho ou como a nossa vida seria bem pior se não existissem.
 
Um destes dias (no passado domingo??) vi na RTP2 um programa sobre o Amor e a Amizade e como pessoas de diferentes países e diferentes culturas e idades viam estes sentimentos. E, por mero acaso, durate uns minutos estive atenta e houve uma declaração de uma mulher jovem da Malásia, creio, que definia muito bem estes sentimentos: há que tratá-los como um ovo na palma da nossa mão. Se não tivermos cuidado, cai e parte; se o pressionarmos demasiado, sem lhe dar liberdade, esmaga-se. Tem que se pegar com cuidado, mas com segurança ao mesmo tempo, contrariando as adversidades e mantendo um certo equilíbrio mas sem o esmagar... e este jogo de "cintura" é complicado, ainda mais hoje em dia, em que tudo o que desejamos nos aparece à frente por artes mágicas... talvez por isso os relacionamentos pessoais sejam cada vez mais efémeros...
 
Hoje, com a notícia do falecimento do António Feio, lembrei-me disto e como é difícil mantermos os afectos e as lutas diárias que temos que travar... mas que a recompensa é imensa!
 
 
...obrigado pelas imensas lições de vida, António - algo de ti vai viver sempre cá dentro... e até sempre!!!!!!!!!!!!!!
 
 
 
(Lourenço Marques, 6 de Dezembro de 1954 — Lisboa, 29 de Julho de 2010)



(e no meio deste turbilhão, como estará o Zé Pedro Gomes???)

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