11 janeiro 2011

...for you, a thousand times over...



...hoje, finalmente, consegui ver o dvd de "O Menino de Cabul" que, para não variar, passou no cinema numa altura em que mal tinha tempo para dormitar. Felizmente, a minha vida acalmou um pouco e já consigo algum tempo para mim mesma, algo que há alguns meses atrás me parecia verdadeiramente utópico.

E, depois da conversa de ontem e de hoje com uma amiga, acerca dos nossos conceitos de amizade, muito próximos, aliás, este filme maravilhoso veio diluir todas as dúvidas que poderia ter quanto a este assunto. Tantas vezes nos comportamos como o Amir e desejamos que quem convive connosco se comporte como um Hassan. Tantas vezes, os amigos surgem por necessidade, por se estar só ou pelo medo de se ficar só e não por se gostar de estar com a pessoa ou por sentirmos necessidade de estar com essas pessoas porque nos fazem sentir melhor apenas pelo tempo que compartilhamos. E quando falo em compartilhar refiro-me a  uma verdadeira partilha ou, usando alguns termos das aulas de Biologia, pode-se dizer que uma relação de amizade é também uma relação de simbiose, em que ambos os envolvidos lucram e é possível um enriquecimento mútuo. É para isso que eu preciso dos meus amigos, para estar com eles, porque preciso da sua presença, porque fazem parte de mim e da minha vida pelo que são e podermos conversar do que seja: os nossos problemas, os nossos sonhos, os nossos projectos ou simplesmente de coisa nenhuma. E estarmos juntos, conversando sobre futilidades, dizendo as maiores estupidezes, não é uma perda de tempo, antes pelo contrário. No entanto, e voltando a usar os termos da Biologia para as relações entre organismos, muitos relacionamentos ditos de amizade são simplesmente relações parasitas: um dos elementos, mais oportunista, suga o outro até ao tutano, exigindo-lhe o seu tempo, a sua compreensão, o seu carinho, que oiça os seus desabafos, mas pouco ou nada dando em troca, ou quantas vezes dando mas cobrando logo a seguir. Mais ainda, quando o outro elemento se começa a aperceber que está a ser sugado pelo amigo vampiro, normalmente, vem a acusação de ser mau amigo. Cada vez mais creio que as pessoas simplesmente projectam nos outros o seu reflexo no espelho das virtudes...

Sem comentários: