...Karma...
...porque acredito que o que nos está destinado virá até nós, um dia, quando menos o esperarmos... e porque aquilo que vivemos e somos depende do que fizemos com os/aos outros...
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- (...) Sinto que estamos destinados a fazer alguma coisa juntos.
Não sei o quê, mas sinto que é o nosso karma. Não poderemos fazê-lo
nesta vida, possivelmente será noutra reencarnação - disse o Rei, sem se
atrever a tocá-la.
- Noutra vida? Quando?
- Dentro de cem, de mil anos, não importa, de qualquer forma a vida
do espírito é uma só. A vida do corpo, pelo contrário, decorre como um
sonho efémero, é pura ilusão - respondeu o Rei.
Judit voltou-lhe as costas, olhando fixamente para a parede, de
modo que o Rei não conseguia ver-lhe o rosto. O monarca calculou que ela
estava perturbada, tal como ele.
- Você não me conhece, não sabe como sou - acabou ela por murmurar.
- Não consigo ler a sua aura nem a sua mente como desejaria, Judit,
mas posso apreciar a sua inteligência clara, a sua grande cultura, o
seu respeito pela natureza...
- Mas não me pode ver por dentro!
- No seu íntimo só pode haver beleza e lealdade - assegurou-lhe o monarca.
- A inscrição do seu medalhão sugere que a mudança é possível. Você
acredita realmente nisso, Dorji? Podemos transformar-nos totalmente? -
perguntou Judit, olhando-o nos olhos.
- A única coisa verdadeira é que, neste mundo, tudo muda
constantemente, Judit. A mudança é inevitável, uma vez que tudo é
temporário. No entanto, custa-nos muito, aos seres humanos, modificar a
nossa essência e evoluir para um estádio superior de consciência.
Isabel Allende in "O Reino do Dragão de Ouro"
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