18 maio 2007

Cúmplices

(às vezes... algo que tinhamos como certo, perde-se, sem volta atrás... se pudéssemos recuar no tempo, será que alguma coisa mudaria? ou apenas adiariamos algo inevitável? por vezes oiço "o que tiver que ser teu, teu será"... cada vez mais acredito que nada na nossa vida é certo... e voltou a sensação de barquito perdido no meio das tempestades... quando é que a tormenta acalma? quando é que voltarei a encontrar um porto de abrigo seguro?)





A noite vem às vezes tão perdida
e quase nada parece bater certo
há qualquer coisa em nós inquieta e ferida
e tudo que era fundo fica perto


nem sempre o chão da alma é seguro
nem sempre o tempo cura qualquer dor
e o sabor a fim do mar que vem do escuro
é tantas vezes o que resta do calor


se eu fosse a tua pele
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho


trocamos as palavras mais escondidas
e só a noite arranca sem doer
seremos cúmplices o resto da vida
ou talvez só até amanhecer


fica tão fácil entregar a alma
a quem nos traga um sopro do deserto
olhar onde a distância nunca acalma
esperando o que vier de peito aberto


se eu fosse a tua pele
se tu fosses o meu caminho
se nenhum de nós se sentisse nunca sozinho


-Mafalda Veiga




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