A Pêndulo... e a importância do X...

Tudo isto que vou escrever, muitos, os que me conhecem há algum tempo, já ouviram... mas, já me disseram que quando começo a escrever não consigo parar... e vai daí, a pessoa em questão até tem razão.

Porque é que de repente, nos tornamos fiéis seguidores de uma banda? Não creio que haja um motivo racional... no meu caso, foram (e continuam a ser) muitos os motivos...

Algures, por 2001, a minha vida parecia estar num beco sem saída. Tinha regressado ao local de trabalho de onde tinha saído voluntariamente, por dois anos... precisava de sair, para arrumar as inúmeras gavetas desarrumadas... dois anos depois, o regresso voltou a desarrumar tudo, e a minha vida em pouco tempo transformou-se num caos... parecia estar num verdadeiro beco sem saída.

No meio das minhas enormes confusões, em Maio, uma amiga convida-me para ir ver o concerto dos Xutos & Pontapés na Queima das Fitas de Coimbra. Já não via a Beta há algum tempo e alinhei prontamente, como é óbvio.
Gostava dos Xutos... por alturas do liceu, um amigo gravou-me uma k7 com o “Cerco”, e o tema Barcos Gregos tocou-me imenso... ainda hoje é o MEU tema... conhecia a maioria dos temas dos Xutos e quando calhava virem a Coimbra, ia aos concertos... quase sempre.

E lá fui ao concerto.. chegámos cedo, e decidi ficar o mais à frente possível (3a fila, por aí, que a grade já estava mais que ocupada). E lá entraram os Xutos... havia uns milhares de pessoas no recinto em frente ao palco, mas rapidamente, o recinto encheu de tal forma que... muito depressa me comecei a sentir como sardinha em lata. Nada fora do vulgar, convenhamos. E comecei a ver as expressões deles... acho que ficaram tanto ou mais surpreendidos do que eu, com a chegada de tanta “malta” em frente ao palco. No tema “Negras como a noite”, lembro-me da cara do Zé Pedro e do Tim... No tema “P’ra Sempre”, já no final do concerto, lembro-me de o Tim se calar e de os milhares de pessoas que estavam a ver o concerto começarem a cantar em uníssono... “aaaaaaaiiiiiii meu amor... o que eu já chorei por ti... mas sempre...pra sempre... vou gostar de ti” (constam os “registos” que estavam cerca de 60.000 pessoas no recinto... e uma imensa maioria estava a ver o concerto!!)
Durante o concerto dei por mim a pensar, ao vê-los, “enormes” em cima do palco, defronte de tanta gente a cantar todos os temas “Raisparta, se eles (Xutos) deram a volta por cima, se conseguiram superar uma data de problemas, que quase pôs fim à banda... e hoje estão AQUI, a dar este concerto, desta forma... eu vou conseguir dar a volta à minha vida”.

Realmente... no final do concerto, estava de pilhas caregadas e com uma força anímica incrível. Tudo me parecia possível. E aos poucos, consegui continuar com o trabalho (do qual já tinha pensado por várias vezes desistir completamente), lidar com uma serie de situações que me atribulavam o espírito... e a vida começou a ter sentido. O trabalho começou a correr melhor... arranjei um outro trabalho em part-time, fazendo algo de que gostava... e a vida começou a ter outra cor bem mais alegre.
Houve mais uns 1 ou 2 concertos dos Xutos esse ano para mim... perdi o da Latada de Coimbra, onde gravaram a maior parte do disco “Sei onde tu estás...” – tive um acidente de viação uma semana antes... e não pude ir ao concerto, que precisamente nesse dia a imobilização da clavícula fracturada deu-me imensas chatices e tive bastantes dores. Mas ainda hoje, quando oiço no cd, “Brrriiiiiiiiiiiioooooooooooooooooooooooooosaaaaa”, fico com uma tristeza enorme por não poder ter estado presente naquele concerto, no Pavilhão do Estádio Universitário.

Seguiram-se novos concertos e no final de 2002 iniciou-se a tournée acústica... e acabei por encontrar, num daqueles acasos fabulosos da vida, uma miúda fantástica, que rapidamente se tornou uma grande amiga (a minha “loirra” querida)... e que tem estado presente nos últimos anos, sempre... compartilhando os bons momentos... e tendo sempre um abraço apertado (e um puxão de orelhas), quando as coisas correm menos bem. Foi uma "aquisição" importante... passado algum tempo (1 mês) fui fazer parte do trabalho a Kaunas, na Lituânia, e todos os dias tinha um sms (ou vários) da minha “loirra”, ou uma carta, ou um mail... quando se está sozinha num local estranho, estas pequenas (grandes) coisas ganham uma importância desmedida.

Seguiram-se novos amigos com a marca X... One, Ildo (e família), Elisabete (e família), Sara, Vanda, Caramela, Pedro, XT... por esta ordem de “chegada” à minha vida, mas ainda hoje são aqueles que me marcaram mais, pela cumplicidade que se criou. De tal forma que se tornaram imprescindíveis. Seguiram-se muitos outros... a maior parte (a grande maioria) continua a fazer parte da minha vida, e cada vez que os revejo trazem-me um enorme sorriso... outros entretanto quebraram os laços. Ficaram as coisas boas... bons momentos passados... muitos concertos... e muitos milhares de kms “de estrada” percorridos por este Portugal...

Para além dos amigos que fui encontrando entre os que ficam na parte de baixo do palco, acabei por me tornar “cara conhecida” (indo a 20 ou 30 concertos por ano, de Braga a Beja, estando ali na grade... não é de estranhar... digo eu!!!)... e em 2005, por dificuldades económicas (estive desempregada durante 8 meses :( ) restringi um bocado a minha ida aos concertos... mas em Agosto, depois de uma série de tempo sem ver os Senhores Comendadores, decidi fazer-me à estrada e ir vê-los a Mortágua... um sms, um mail... e tinha já o carro preenchido com 3 compinchas. Foi um concerto muito bom... para além do concerto fantástico, ouvir de um deles “já há muito tempo que não aparecias... está tudo bem?” ou no final do concerto, receber uma t-shirt (que me deu muito trabalho a lavar... :))), numa entrega personalizada, deixou-me com um sorriso que durou vários dias. São estes pequenos grandes pormaiores que marcam a diferença.

E a maior parte dos 5 Comendadores (e do pessoal da equipa técnica) marca a diferença, com pequenos gestos, como virem-nos cumprimentar, alterando o seu percurso (ou muito frequentemente, nas estações de serviço da auto-estrada); ao perguntar-nos como estamos, se já regressámos da “Roménia”(era Lituânia); virem-nos oferecer uma bakete ou a t-shirt pessoalmente... usarem durante uma boa parte da tournée uma t-shirt oferecida no aniversário (por 3 fulanas que passaram uma tarde divertidísima na escolha), em todos os concertos, desde Cantanhede ao Pavilhão Atlântico...

Estas coisas acabam por marcar e muito... daí a importância do X... mas principalmente, por causa de um conjunto de pessoas fantásticas que entraram na minha vida desde 2002, que em comum comigo tinham...pouco mais que os Xutos & Pontapés!! Dificilmente os teria conhecido se não fosse "metendo" os Xutos pelo meio... e hoje fazem parte de mim.

Para sempre

O nosso amor de sempre
Brilhará p'ra sempre
Ai meu amor
O que eu já chorei por ti

Mas sempre
P'ra sempre
Vou gostar de ti

Juro meu amor
De sempre
Voltarei
P'ra sempre

Ai meu amor
O que eu já
Chorei por ti
Mas sempre
Para sempre
Gostarei de ti


Tim (Xutos & Pontapés)