05 abril 2007

O amor é o amor...

Há algumas palavras que uso com uma certa parcimónia. Uma delas é “amigo”. Para mim, os amigos são as pessoas em quem eu confio, a quem consigo desabafar os meus problemas, as minhas alegrias, as minhas inquietações. E na amizade, devemos partilhar... e obviamente, ter tempo para ouvirmos os desabafos, as pequenas partilhas dos amigos. E às vezes esta parte de “ouvir” e “prestar atenção” aos outros é complicado. Mas esses são os meus “Amigos”- aqueles em quem eu consigo confiar, falar de mim, e que sei que confiam em mim e também me contam as suas alegrias e as suas mágoas. Não as pessoas com quem me relaciono apenas profissionalmente, e de mim pouco mais sabem do que o que faço, ou os compinchas das saídas e dos copos... esses são os colegas de trabalho ou colegas da má vida... e raramente são meus amigos, da forma como eu uso esse termo.

Outras palavras que raramente usei ao longo da minha vida, foram “amo-te” e “amor”. De facto, quando me dirijo a pequerruchos (ao meu sobrinho, aos meus primitos, aos filhos dos meus amigos), geralmente saiem-me expressões como “meu amor”, “amorzinho”... mas, usar o termo “amor” para me referir a um adulto, aconteceu 2 vezes... e com as mesmas pessoas com quem usei o verbo “amar”. Talvez seja óbvio... ou talvez não. Uma das pessoas que actualmente faz parte do meu passado apenas, achava que “amor” podia ser usado como “carinho” simplesmente... e que “amor” e “amar” tinham uma origem diferente. Nunca consegui entender esta dualidade no uso da palavra "amor"- etimologicamente amor e amar não têm uma origem comum????!! e nessa altura essa dualidade deixou-me com uma raiva imensa...


Claro que depois há aqueles que dizem “amo-te muito” e mal desligam o telefone ou telemóvel correm para os braços de outra pessoa. Assisti a isso uma série de vezes... e depois há outras pessoas que usam a palavra “amor” tão rápida e frequentemente que me deixam de certa forma confusa. Mas afinal... o que é o amor?????






O amor é o amor - e depois?
Vamos ficar os dois
a imaginar, a imaginar?...

O meu peito contra o teu peito
cortando o mar, cortando o ar.
Num leito
há todo o espaço para amar!

Na nossa carne estamos
sem destino, sem medo, sem pudor,
e trocamos - somos um? somos dois? -
espírito e calor!

O amor é o amor - e depois?


Alexandre O'Neill (1960)



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