23 abril 2008

...deixa-me a ver o mar do alto de um rochedo e não chores...


Quando eu morrer, deixa-me a ver o mar do alto de um rochedo e não chores, nem toques com os teus lábios a minha boca fria. E promete-me que rasgas os meus versos em pedaços tão pequenos como pequenos foram sempre os meus ódios; e que depois os lanças na solidão de um arquipélago e partes sem olhar para trás nenhuma vez: se alguém os vir de longe brilhando na poeira, cuidará que são flores que o vento despiu, estrelas que se escaparam das trevas, pingos de luz, lágrimas de sol, ou penas de um anjo que perdeu as asas por amor.


Maria do Rosário Pedreira

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