10 outubro 2010

...mitoteas...




...há um ano atrás dizia que se conseguisse publicar um trabalho que fosse com resultados que tinha ainda do final do meu doutoramento (2003), me poderia considerar um génio. E talvez seja um pequeno geniozinho do marketing científico, porque consegui publicar 3 artigos - um, sobre os efeitos do pegamasso na diabetes, que pensava inicialmente não conseguir publicar em sítio nenhum, e até publiquei uma revista ISI; o do mirtilo, que até foi relativamente fácil de publicar noutra revista ISI e este último foi publicado também numa revista ISI  e com um factor de impacto de 1.5, o que para o trabalho em questão é francamente bom!! Obviamente que tive muito trabalho durante cerca de um ano e meio, entre análise dos resultados- e descobrir alguns erros ou redescobrir uma nova forma de olhar para os dados que tinha, a escrita e a submissão, mas ter 3 artigos publicados, com AQUELES resultados, é no mínimo excelente!!!
Os ensaios foram realizados em Novembro de 2003 e para além de serem mal planeados, eu na altura encontrava-me bastante doente, e ter conseguido passar 5 dias seguidos no laboratório, 14h/dia, foi obra memorável... e foi decerto uma das piores semanas da minha vida, em que não podia adiar as experiências, porque eram ensaios in vivo com tempo controlado, não me sentia capaz de fazer o trabalho e não podia pedir ajuda a ninguém. A juntar a isto tudo, os ensaios eram feitos com o dobro dos animais a que estava acostumada por dia (normalmente usava um diabético e um controlo, nestes ensaios tinha 4 animais...). Depois destes ensaios, que seriam um estudo preliminar, houve uma série de contratempos que me impediram de repetir as experiências e obter resultados mais fidedignos e que me permtissem pensar num bom artigo: perdemos a colónia de GK e não havia animais para poder repetir os ensaios; houve uma descarga eléctrica num fim-de-semana e o congelador onde estavam os extractos avariou e foi tudo para o lixo; não foi possível recuperar as mitocôndrias congeladas, porque entretanto com a avaria descongelaram e não foi possível usá-las na determinação de várias actividades enzimáticas para complementar os resultados. A juntar a isto, o lote de plantas não foi guardado em boas condições e não foi possível fazer novos extractos nas condições devidas e idênticos aos primeiros... mas como dizia o grande Fernando Pessoa "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce" - não sei onde é que o poeta encaixou as longas noites de trabalho em frente aos papéis nessa frase memorável, mas que foram muitas, isso foram... e muito aprendi eu com todos estes erros...

1 comentário:

Pêndulo disse...

Estamos a voltar-nos de novo para a fitoterapia, com algumas vantagens: alguns compostos existentes nas plantas aromáticas e medicinais actuam a vários níveis nas células.

O grande problema é que as plantas da mesma espécie diferem bastante de acordo com o local onde são colhidas ou mesmo de acordo com o clima (para além de algumas conterem metais pesados)- e não há controlo de qualidade. Uma das plantinhas (Arctium minus) estudada tinha níveis elevados de metais pesados e em vez de fazer bem, era tóxica...

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